Aproximadamente 20 milhões de correspondências, como boletos, encomendas, cartões, entre outros, deixaram de ser entregues em decorrência da paralisação dos trabalhadores dos Correios em Alagoas, que teve início no dia 17 último. A estimativa de acúmulo destes 11 dias de paralisação é do Sindicato dos Trabalhadores na Empresa de Correios e Telégrafos em Alagoas (Sintect/AL).

O movimento paredista dos Correios conta com a maior participação dos funcionários da área operacional da empresa, principalmente dos carteiros. Segundo o sindicato, 80% dos carteiros aderiram à greve, além dos atendentes e operadores de triagem. “517 carteiros estão parados e apenas 54 estão em atividade”, disse o presidente do Sintect/AL, Alisson Guerreiro.

“Alguns gerentes de agências aderiram à greve e estas estão fechadas. Já os funcionários do setor administrativo são poucos que paralisaram suas atividades”, observou o representante sindical.

Ele informou ainda que houve uma reunião na quinta-feira (27), no Tribunal Superior do Trabalho (TST) na tentativa de uma reconciliação pela manutenção do acordo coletivo dos trabalhadores até o ano que vem.

“Aprovamos a proposta, mas infelizmente os dirigentes da empresa rejeitaram. A empresa entrou com o pedido de dissídio coletivo no TST, e por conta disso, agora irá para julgamento e iremos aguardar em greve”, avisou Guerreiro.

Uma assembleia realizada nessa sexta-feira (28) com a categoria optou pela permanência da greve em Alagoas. E também ontem, os trabalhadores promoveram um dia de doação de sangue e estiveram no Hemocentro de Alagoas (Hemoal) para contribuir com a sociedade num ato solidário que salva vidas, cuja campanha foi denominada de “Sangue Bom”.

REIVINDICAÇÕES

Os grevistas cobram a manutenção do acordo coletivo firmado no ano passado, são contra a privatização da estatal, reclamam de negligência da empresa com a saúde dos trabalhadores na pandemia e pedem que direitos trabalhistas sejam garantidos. A paralisação é por tempo indeterminado.

Empresa aguarda retorno de parte dos trabalhadores no estado

Os Correios informaram que, de acordo com sistema de monitoramento da empresa, a adesão ao movimento paredista é baixa e que aguardam o retorno de parte dos trabalhadores que aderiram à paralisação parcial o quanto antes.

A empresa disse ainda que, desde o início da negociação do Acordo Coletivo de Trabalho 2020/2021, tem sido transparente sobre a sua situação econômico-financeira, agravada pela crise mundial causada pela pandemia de Covid-19. “Conforme já amplamente divulgado, a empresa não tem mais como suportar as altas despesas, o que significa, dentre outras ações que já estão em andamento, discutir benefícios que foram concedidos em outros momentos e que não condizem com a realidade atual de mercado, assegurando todos os direitos dos empregados previstos na legislação. A paralisação parcial em curso somente agrava esta situação”, diz os Correios.

“A intransigência das entidades representativas está prejudicando não só o funcionamento da empresa, mas, essencialmente, a população brasileira. A empresa aguarda o julgamento do Dissídio de Greve pelo Tribunal Superior do Trabalho para por fim ao impasse. Vale ressaltar que os Correios têm preservado empregos, salários e todos os direitos previstos na CLT, bem como outros benefícios do seu efetivo”, diz ainda a empresa.

Os Correios ressaltaram que permanecem servindo à população e trabalhando para minimizar os efeitos da paralisação parcial dos empregados. “Neste fim de semana, a empresa dará continuidade aos mutirões de entregas, medida que faz parte do plano de contingência da empresa que visa minimizar os impactos. Outras ações como apoio dos empregados da área administrativa, que vão auxiliar na operação, e o remanejamento de veículos estão sendo adotadas.”

A empresa destaca que a iniciativa demonstra o compromisso dos Correios com a qualidade operacional e com os clientes, “neste momento em que os serviços da estatal são ainda mais essenciais aos brasileiros. As agências estão abertas com a oferta de serviços e produtos, inclusive o Sedex e o PAC, que continuam sendo postados e entregues. A empresa informa ainda que permanecem temporariamente suspensos os serviços com hora marcada, medida em vigor desde o anúncio da pandemia.”

PAGAMENTOS

Referente a cobranças, as empresas que optam pelo serviço de correspondência postal são obrigadas pela lei a oferecer outra forma de pagamento: internet, sede da empresa, depósito bancário, entre outras. O Procon lembra também que o recebimento em atraso não exime nem posterga o pagamento, porque o consumidor sabe que as contas dele vencem no dia x, y ou z.

Por isso, o consumidor precisa procurar a empresa que emite a fatura para que envie por outros meios como WhatsApp, e-mail e etc. Se a empresa não fornecer, a orientação é procurar algum órgão de defesa do consumidor, como o Procon ou o consumidor.gov.br, informando que tentou e não conseguiu. Uma fatura, boleto bancário ou qualquer outra cobrança só pode ser contestado em atraso se o consumidor não souber do dividendo.

Para os clientes que fizeram compras online e estão esperando a entrega de seus produtos, o Procon orienta que, caso haja dano moral ou material causado pela falta de serviço, o consumidor pode pedir o ressarcimento ou abatimento do valor, além de pedir indenização à Justiça.

Fonte: Tribuna Independente / Texto: Ana Paula Omena

(Foto: Ascom Sintect/AL)