A tradicional movimentação que o Dia das Crianças causa no comércio não está decepcionando em 2020. Em lojas do centro e do Shopping Maceió, o clima é de retomada entre lojistas e clientes. Com a recente reabertura do comércio, a expectativa é de recuperar os meses parados e trazer o sorriso das crianças.

Por conta da pandemia, que ainda não acabou, há algumas mudanças no comportamento do público. “O que mudou bastante foi a questão da precaução da clientela, e o tipo de produto que estão levando. Estão escolhendo aqueles que vem na caixa, com qualidade melhor do que os produtos mais simples. Estão gastando um pouco mais que antes”, contou o gerente da PH Importados, Jerry Nilton.

O mercado informal também está com muitas opções. Por todo o calçadão do comércio há opções de brinquedos com personagens da moda. Mas o público está mais intenso dentro das lojas. As medidas de segurança são uma preocupação da maioria.

“Oitenta por cento das pessoas estão seguindo direitinho, aceita as medidas de segurança. A gente está com todos os protocolos, distanciamento, álcool em gel, mas tem um certo público que chega dizendo que não precisa. Mas é um percentual pequeno, nada que saia das normas da OMS”, explica Elizia Perovano, responsável pelo marketing na loja To You.

Segundo os lojistas, as vendas nesse período estão intensas. “Sempre uma semana antes começa a dar aquela fervida, quando chega no dia 12 mesmo estouram as vendas [estarão abertos no dia 12]”, disse Jerry Nilton.

No shopping, a percepção é ainda mais animadora, como explica Elizia. “A gente tá sentindo uma diferença enorme dos outros anos. Na verdade, a loja sempre teve um pique muito grande nesse período de Semana da Criança, só que agora as pessoas estão antecipando. Desde a semana passada começou a ter um fluxo muito grande de grandes marcas. Estamos vendendo produtos que não costumávamos vender com tanta frequência. Produtos de marcas conceituadas, um pouco mais caras”.

Ela avalia que o volume de vendas online e por telefone que implementaram com a pandemia não foi igual ao que é com a loja aberta, mas considera uma superação. “A gente se reinventou! A gente não tinha essa técnica, teve momentos que até a gente chorava com o shopping todo fechado. É o nosso ganha pão, e mesmo sendo vendedoras, a gente vende sonhos. Ver essa loja fechada sem as crianças sorrindo foi horrível. Quando voltou, voltou com tudo. O dia das crianças está sendo o ponto alto desta volta, estamos tentando reerguer de uma pandemia que trouxe muitas dificuldades”.

Na avaliação da Associação Comercial, a perspectiva é um pouco diferente, a recuperação ainda não deve ser total agora. É o que ressalta Marcos Tavares, vice-presidente da Associação Comercial e proprietário das Lojas Aby’s.

“Temos um aquecimento, mas vamos atingir aproximadamente 90% do que tivemos no ano passado, vale salientar que é pra quem tem loja que atua no setor, como brinquedos, calçados e vestuário. A pandemia atrapalhou não apenas o comércio, mas também as fábricas, que reduziram a produção, inclusive com dificuldades de aquisição de matéria-prima. A pandemia e o fechamento do comércio infelizmente geraram um desabastecimento muito grande”.

Mesmo assim, Tavares reforça o momento positivo e a importância da data. “Temos uma boa expectativa pela passagem da data e por envolver os sonhos dos pequenos, especialmente neste ano que tem sido muito difícil para todas as famílias”.
De professoras a avós, todas querem presentear

O público que está consumindo é bastante diverso. A professora Rafaela Geane estava comprando para os seus alunos de uma escola pública.

“A gente vai fazer o dia das crianças e entregar os presentes pra eles. Mesmo com o período de pandemia, que não está nem tendo aula vamos marcar um horário pra fazer a entrega. Eles vão pegar na porta”.

Cleriane dos Santos estava comprando presentes para a filha e os afilhados. “A gente faz do jeito que pode, ela tem muitos brinquedos, mas eu sei que ela gosta é muito difícil dizer não. É uma data muito importante. Pra ver a felicidade dela, vale tudo”.

Elizia observa que entre os clientes tem muitas mães, pais, tias e madrinhas, mas o maior público mesmo, são as avós e avôs “O fluxo é muito grande com esse público”.

Com apenas 6 anos, Pietro estava animado escolhendo seu presente. “Ainda estou indeciso, pensei nesse drone e nesse daqui (apontando para outros brinquedos). Gosto muito do dia das crianças!”. Porque gosta tanto desse dia? “Você sabe, não é? Brinquedo!”.

Ele estava com o pai, Ramilton Batinga, que faz questão de atender.

“Dia da Criança sempre tem presente. Tem que ter porque a criança fica o tempo todo com aquela expectativa. Ontem mesmo ele estava perguntando ‘pai, Dia das Crianças está chegando, o que eu vou ganhar?’ Eu prefiro estabelecer um valor e deixo ele escolher dentro daquele valor.

O pai relata que os desejos vão evoluindo com o tempo. “Todo ano ele pede tipos de brinquedos diferentes. No começo um brinquedo infantil, depois um lego, daqui a pouco um drone”. Mas ele garante que vale a pena o investimento.

“Difícil dizer quem fica mais feliz com a compra do presente. Quando a gente acerta o brinquedo e vê o sorriso da criança, acho que ficam os dois”.

Nessa época também é muito comum as pessoas comprarem brinquedos para doação “Buscam brinquedos pedagógicos, aquela linha mais em conta”, disse o gerente da PH.

No shopping, a procura para esta finalidade caiu “Pouca gente comprando para doação, ano passado foi muito mais, tinha até convênio, e esse ano a gente sentiu que está sendo bem menor a procura. Estão gastando mais para familiares, mas muito cautelosos para doação”, constatou a representante da To You.

Fonte: Tribuna Independente / Emanuelle Vanderlei

(Foto: Edilson Omena)