A deputada Jó Pereira usou a tribuna da Assembleia Legislativa (ALE), na sessão desta terça-feira (27), para denunciar que está sendo alvo de Fake News, em um vídeo anônimo divulgado nas redes sociais. Lembrando que as mulheres são as principais vítimas de calúnias, ameaças e xingamentos na internet, ela desabafou sobre o episódio e anunciou que está formalizando a denúncia na polícia e na Justiça Eleitoral.

“Para me atingir, mesmo eu não sendo candidata neste pleito, para atingir minha família, meu grupo político, pessoas inconsequentes, misóginas, indignas de serem chamadas de ?seres humanos?, entre outras gravíssimas mentiras, resgataram de forma covarde e inescrupulosa a maior dor que uma mãe pode sentir: a perda de um filho, a interrupção de uma gestação”, desabafou a parlamentar.

“Trago a público o que era para ser uma dor privada, com a qual conviverei por todos os dias da minha vida: a perda de dois bebês, ainda no útero, em um aborto espontâneo. A perda de dois bebês que seriam meus primogênitos. Quem é mãe, quem é pai, sabe do que estou falando… Uma dor marcada na minha alma, no meu coração e na minha memória. Uma dor que o tempo alivia, com certeza, mas da qual não preciso ser lembrada de forma tão vil, covarde e mentirosa. Pois, não bastasse expor e reavivar uma dor que é minha, mentem. Mentem dizendo que provoquei a perda dos meus filhos”, prosseguiu Jó.

A deputada contou que, por ganância de poder, os responsáveis pela produção e divulgação do vídeo atacaram de forma irresponsável também outras mulheres de sua família: “Minha mãe, minha cunhada, além de sentirem por mim, também foram caluniadas diretamente nesse vídeo covarde, da forma mais baixa possível, mesquinha, pequena, da mesma estatura desses misóginos que produziram essas Fake News”.

Jó explicou que decidiu tornar pública uma dor privada para expor a covardia de quem se esconde no anonimato e para pedir que as Fake News sejam apuradas pelos órgãos competentes, mas principalmente para ajudar outras mulheres, inspirar outras mulheres a não ficarem caladas, a reagirem contra quaisquer tipos de violência e injustiça das quais sejam vítimas. “Para avançarmos no enfrentamento à violência endêmica contra nós, precisamos que nossas vozes sejam ouvidas, precisamos que nós e nossas lutas sejam vistas. E se o preço para que nosso grito ecoe é esse de salgar a ferida, de expor a ferida, estou pagando, porque vale a pena pagar”.

“Não vou pedir desculpas pelo desabafo, porque nós, mulheres, já pedimos desculpas demais. Já passou da hora de algumas pessoas entenderem que a nossa luta não cabe retrocessos e enquanto houver em Alagoas, no Brasil e no mundo uma mulher vítima de violência, haverá todas, porque juntas somos muito mais fortes”, completou Jó.

Apartes

Em apartes, vários deputados se solidarizaram ao pronunciamento da parlamentar. “Entendo que a política não pode ser levada para o campo pessoal. Política não se faz dessa forma. As Fake News precisam ser combatidas em todo e qualquer ambiente, mas elas não atingem só as mulheres… É preciso que a Polícia Federal identifique as pessoas que têm essa índole, porque elas não merecem respeito, nem a prerrogativa de representar qualquer segmento da sociedade”, disse Antônio Albuquerque.

Davi Maia pontuou a importância de a Justiça Eleitoral começar a investigar de onde estão partindo essas ações e cobrou uma posição da Polícia Civil de Alagoas, que tem uma delegacia especializada no combate a crimes cibernéticos.

Solidarizando-se em nome de toda a Casa, Galba Novaes lamentou o sofrimento ao qual a colega foi exposta e defendeu que tudo tem limite. A deputada Ângela Garrote contou que já foi vítima de Fake News e lembrou que toda a população da região Sul de Alagoas conhece a índole de bem da família Pereira.

Em seu aparte, Marcelo Beltrão desabafou que, como candidato a prefeito de Coruripe, também está sendo vítima de Fake News: “Esses ataques pessoais que nós e outras pessoas estamos sofrendo têm o objetivo de desviar o foco do que interessa à população, mas o povo vai selecionar e a justiça virá… Parabéns pela coragem. Tenho certeza que justiça será feita”.

O presidente da Casa, deputado Marcelo Victor, prestou solidariedade em nome do Parlamento, reforçando “que o julgamento nas urnas será rígido contra esse tipo de baixarias”.

Jó agradeceu o apoio dos colegas e frisou que a Casa deve cobrar a apuração de toda e qualquer Fake News. “Não gostaria que fosse necessário expor a minha dor. Estou aqui não para combater o que está acontecendo em Junqueiro, Teotonio Vilela ou São Miguel dos Campos, mas para dizer que não merecemos ser arrancadas da condição de mulher e de mãe para servir a projetos de poder que querem tirar foco do que deve ser discutido: a transformação de vida das pessoas, políticas públicas… Isso é o debate que importa”, finalizou.

Por Jobison Barros com informações da assessoria \ GAZETAWEB.COM

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