Dia 28 de outubro. Esta é, sem dúvida, uma data inesquecível para a surfista de ondas grandes Maya Gabeira. Foi exatamente neste dia, há sete anos, em 2013, que a brasileira sofreu um acidente grave surfando na Praia do Norte, em Nazaré, Portugal. Na ocasião, ela chegou a ser resgatada do mar inconsciente e foi reanimada ainda na areia. Curiosamente, neste mesmo dia, só que em 2020, um novo swell histórico se formou na meca das ondas gigantes. E quem estava lá novamente? Maya.

– Impressionante, mais um dia 28 de outubro e mais um swell gigante. Graças a Deus nenhum acidente e mais um ano, mais um ano em Nazaré, mais um ano aprendendo, tentando gerenciar os riscos, ter vida longa, que acho que isso é o mais importante – vibrou Maya.

As ondulações que chegaram a Nazaré na última quarta e quinta-feira, só para se ter uma ideia, foram consideradas por Pedro Scooby como as “mais perfeitas da vida”. Paredões se formaram com potencial para bater, inclusive, o recorde mundial, que é do brasileiro Rodrigo Koxa – surfou uma onda de 80 pés (24,4 metros).

Segundo o especialista no assunto, oceanógrafo e doutor em engenharia oceânica Douglas Nemes, algumas séries chegaram a ter entre 25 e 27 metros de altura de quebra de onda. Com ondulações desse tamanho, cresce a possibilidade de marcas e recordes, mas aumenta, consequentemente, também o risco de acidentes.

– Independentemente de quantas ondas eu pego no dia sempre o maior foco para mim é voltar para a casa, porque eu sei que vai ter um outro swell, vai ter um outro dia gigante. E eu vou acumulando experiência e a minha onda tá guardada – disse Maya.

Neste dois dias de swell histórico, Maya surfou sim algumas ondas gigantes, no entanto, desta vez, a brasileira deu prioridade à performance de outro colega de equipe, Sebastian Steudtner. Pilotando o jet ski, a brasileira, que sabe muito bem o papel de um resgate nessas condições, deu suporte ao surfista alemão.

– Eu estava super focada na performance do Sebastian, eu já tinha combinado isso, que o time iria focar nele. Realmente para mim ele foi o destaque do dia. Mas eu ainda consegui pegar um onda boa na manhã e outras durante a tarde. Fizemos um resgate, alemão (de Maresias) fez um resgate com a gente, é um excelente piloto. Eu e ele, a gente entrou para fazer um resgate do Sebastian que foi bem desafiador, estava bem difícil, muito perigoso. Mas realmente o time trabalhou muito bem, estamos todos a salvo e foi uma sessão histórica – disse.

Vale destacar que Maya tem o “conforto” de deter o atual recorde mundial de maior onda surfada por mulheres. A Liga Mundial de Surfe (WSL) anunciou em setembro que a brasileira bateu o próprio recorde de maior com a nova marca avaliada em 73,5 pés (22,4 metros). A carioca, de quebra, ainda ganhou a premiação do XXL Awards na categoria feminina de Maior Onda. A onda do novo recorde foi surfada em 11 de fevereiro, também em Nazaré.

Por GE | Portal Gazetaweb.com

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