Moradores do Edifício Aveiro, no Pinheiro querem a desocupação total do prédio. É que segundo eles, o prédio de 80 apartamentos está “ilhado” e sofrendo prejuízos devido ao esvaziamento do bairro e de outros prédios do mesmo porte.

O síndico do condomínio, Demétrio Torres da Silva afirma que o maior problema é a insegurança, seja em relação à violência, seja juridicamente. Torres diz que os proprietários estão impedidos de negociar os imóveis e até mesmo contratar um seguro devido ao afundamento que atinge quatro bairros de Maceió. Além disso, problemas de infraestrutura também preocupam quem mora por lá.

“Todos os edifícios do Pinheiro foram esvaziados, menos o Aveiro. Serviços de esgoto obstruído. Os imóveis não podem ser segurados, vendidos ou reformados. Os vizinhos laterais todos evacuados, lado esquerdo, fundos praticamente todos. Não há praticamente mais comércio ao redor, já ocorreram vários assaltos, ruas esburacadas. Perdemos um contrato com uma torre de celular que iria render 2 mil reais mensais, pois a prefeitura não autorizou a obra. Rachaduras reincidentes no estacionamento, moradores relatando fissuras, mas a junta [Técnica] alega que é normal e que o edifício não está crítico”, comenta.

O Edifício Aveiro é um dos prédios “recentes” do bairro do Pinheiro, foi entregue há cerca de quatro anos e um dos poucos a permanecer ocupado.

Segundo o morador Gilberto Ferro, a maioria dos imóveis é financiado o que tem deixado os moradores ainda mais apreensivos sobre o futuro.

“Solicitamos uma vistoria da junta técnica, a mesma informou que o prédio não precisa ser desocupado e não entregou nada por escrito, mas estamos ilhados entre imóveis desocupados e enfrentando problemas de saneamento, limpeza urbana. Me mudei assim que entregaram. E agora, o clima é tenso e bastante preocupante por contas das incertezas, porque a maioria das unidades é financiada. Alguns moradores optaram por sair do seu imóvel, mas não há como vender ou algo semelhante porque nenhum banco financia imóvel no bairro. Não é possível fazer nada que dependa de emissão de certidões”, pontua o morador.
Junta Técnica explica que situação do edifício está em monitoramento

Demétrio Torres da Silva afirma ainda que a Junta Técnica explicou que a situação do edifício está em monitoramento, mas os moradores querem que haja a desocupação.

“Mas morar em um lugar sem nenhum apoio e sem valor comercial já é um prejuízo sem tamanho, e quem vai arcar com isso? O risco do bairro é iminente, todos querem a inclusão, por medo, por direito a ser indenizado”, diz o síndico.

Procurada a Defesa Civil de Maceió explicou que as solicitações para inclusão no Programa de Realocação da Braskem ficam a cargo da Junta Técnica. A cada solicitação, o morador recebe um protocolo de acompanhamento.

BRASKEM

Segundo informações da Braskem, as inclusões são feitas pela junta técnica definida no acordo de cooperação celebrado em janeiro deste ano.

“Conforme definido em acordo assinado entre os Ministérios Públicos Federal, Estadual, Defensorias Públicas de Alagoas e da União e a Braskem, os imóveis localizados em áreas adjacentes ao mapa de risco definido pela Defesa Civil (criticidade 01) poderão ser avaliados por uma junta técnica, a pedido do morador. Se constatada a situação de risco estrutural grave, tais imóveis serão incluídos no Programa de Compensação Financeira e Apoio à Realocação da Braskem. A Junta Técnica reúne especialistas das defesas civis Municipal e Nacional e um perito indicado pela empresa”.

A petroquímica acrescenta que desenvolve um programa de apoio a segurança, limpeza e controle de pragas no bairro.

“A Braskem vem desenvolvendo ações nos bairros que incluem vigilância patrimonial, instalação de câmeras, alarmes e uma Central de Monitoramento, instalação de muros de proteção nas áreas já desocupadas, tamponamento dos imóveis vazios, controle de pragas, limpeza e remoção de entulho, e cuidado com os animais errantes”, informa.

Fonte: Tribuna Independente / Evellyn Pimentel

(Foto: Edilson Omena)