O tribunal do júri composto pelo poder paralelo que atua e funciona de maneira célere no estado de Alagoas pode ter feito fez mais uma vítima. Jorge Carlos de Araújo, de 43 anos, foi o 19º homossexual morto em Maceió e que conforme uma fonte ouvida pelo CadaMinuto, que terá o nome preservado, a vítima foi executado com requintes de crueldade por integrantes de facção criminosa que atuam na parte alta da capital.

O crime ocorreu na manhã da última segunda-feira (07), no conjunto Parque dos Caetés no bairro do Benedito Bentes.

Conforme relatou a fonte que foi ouvida pela reportagem e que também reside na região, Jorge era conhecido pela comunidade e aparentemente não tinha problema com os demais moradores da região. “Cerca de oito homens participaram do crime que todo mundo que estava em casa pode assistir. Eles saíram arrastando-o pelas ruas do conjunto, só de cueca e agredindo ele de várias formas”, explicou.

Até chegar a quadra de esportes que fica na região central do conjunto, onde Jorge Carlos foi executado, a vítima foi alvo de diversos golpes de arma branca e no local foi espancado com pedaços de pau e apedrejado até a morte. “Depois que eles bateram muito, muito nele, os homens pegaram o corpo dele e jogaram em um barranco que tem aqui próximo e forma embora como se nada tivesse acontecido”.

O que motivou o crime?

Jorge Carlos de Araújo teria no último domingo (06), saído de sua residência que também fica Parque dos Caetés, no bairro do Benedito Bentes, para ir beber na casa de uma vizinha e acabou dormindo no local.

Na manhã da segunda-feira, dia em que o crime aconteceu, a dona da residência onde Jorge Carlos teria dormido e sua vizinha, saiu de casa e ao retornar para o local acabou flagrando a vítima beijando o filho de 13 anos.

Ao se deparar com a cena, a vizinha que teria passado o domingo bebendo junto com Jorge Carlos saiu da residência e acabou indo atrás dos membros da facção que domina a região para que eles viessem “ajudá-la” a resolver o problema que ela havia se deparado dentro de casa.

A fonte ouvida pela reportagem relatou que não há informações oficiais se o beijo foi consentido ou não pelo adolescente e pontuou também que não houve tempo hábil para que a vítima pudesse se expressar e relatar o que havia ocorrido.

“Eles [a facção e seus integrantes] e todo mundo sabe muito bem quem cometeu o crime e quem autorizou o crime ser cometido, é quem ditam as leis aqui na região e a vizinha os chamou para que um julgamento ao ar livre fosse feito sem se quer o coitado pudesse se defender. Aqui na comunidade isso é cultural, eles resolvem da maneira que eles acham certa, tudo fica impune e o cidadão de bem é quem vive refém do único poder que existe, pelo menos por aqui”, finalizou.

O crime foi registrado pela Polícia Civil e já está sendo investigado. A reportagem tentou identificar qual delegado estaria responsável pelas investigações para que pudesse comentar sobre o fato, mas as ligações não foram atendidas.

Cabe ressaltar que não é a primeira vez que crimes com modus operandi semelhantes a este são registrados na região do Benedito Bentes. Em julho de 2011, um grupo responsável pelo tráfico de drogas do Conjunto Carminha, que também fica localizado no bairro do Benedito Bentes, e que já era conhecido da polícia pela forma cruel e violenta com que dominava a região, executou de maneira cruel e violenta uma mulher identificada como Maria de Lourdes Farias Melo, 26 anos.

O crime ocorreu durante a madrugada e a vítima foi executada na frente de sua residência. Logo depois, eles percorreram alguns metros e na principal avenida do Conjunto, arrancaram a cabeça e um braço da vítima, com golpes de foice e com o sangue da jovem escreveram a palavra “cabueta”.

*Sob supervisão da editoria

CADA MINUTO

Foto: Cortesia