A vitória esmagadora de aliados do governo nas duas Casas do Congresso foi saudada pela base de apoio ao presidente Jair Bolsonaro como uma espécie de recomeço. Algo como se tivesse ocorrido uma segunda posse, com novo impulso para uma gestão que acaba de chegar à metade de seus quatro anos.

Um texto que circulou em grupos de apoio ao presidente no WhatsApp resume essa sensação de que agora tem início uma espécie de segundo mandato de Bolsonaro dentro do primeiro.

“Bolsonaro está num momento especial. Vai poder aprovar a PEC da Bengala e tirar quatro ministros do STF. Isso vai impactar direto na vida dos brasileiros. STF, Câmara e Senado a favor do governo será a sentença de morte pra esses ratos de porão que impedem o Brasil de ser uma grande nação”, diz o texto, não assinado.

A referência à chamada PEC da Bengala seria o retorno da aposentadoria compulsória de ministros do STF para 70 anos, o que de imediato abriria mais três vagas na corte (e não quatro). As chances de algo assim prosperar são pífias, mas os bolsonaristas estão se dando o direito de sonhar alto.

Site alinhado ao presidente, a Gazeta Brasil cobrou de Lira que ajude a aprovar a pauta do governo, especialmente a econômica. “Contamos com você [Lira] para que as propostas sigam seu rumo, que não fique sentado em cima das reformas”, pediu.

Em linha semelhante foi o Terra Brasil, outro veículo da mesma estirpe. “Com esse resultado e da vitória de Rodrigo Pacheco no Senado, o presidente Bolsonaro terá caminho aberto para botar em prática sua agenda econômica e [as reformas] que foram rechaçadas por Rodrigo Maia, que boicotou suas bandeiras”.

A plateia bolsonarista clama, num primeiro momento, pela retomada da agenda econômica, pois sabe que o aumento do desemprego é a maior ameaça à sobrevivência política do presidente.

Embora Maia tenha sido fundamental na aprovação da reforma da Previdência e de outras medidas, ele passou a ser atacado por supostamente ter sido um empecilho ao avanço dessa pauta.
Assessor internacional da Presidência, Filipe Martins comemorou o resultado listando uma série de supostos problemas criados pelo agora ex-presidente da Câmara dos Deputados.

“Só para lembrar que Rodrigo Maia, além de ter bombardeado o Brasil com ‘pautas bombas’, sabotou a reforma tributária, a reforma administrativa, a PEC emergencial, o novo regime do pré-sal, a nova lei do gás, a privatização da Eletrobras e de inúmeras empresas e muito mais”, escreveu.

Mas a pauta econômica não é a única que interessa aos apoiadores do presidente. Se num primeiro momento o foco é na agenda de reformas defendidas pelo ministro Paulo Guedes (Economia), logo atrás vem a defesa de medidas que dizem respeito a valores e costumes, a chamada “pauta ideológica”.

Nela, estão incluídos pontos como a ampliação do acesso às armas, educação domiciliar, restrições ao aborto, endurecimento penal e até o voto impresso.

Como resumiu o Jornal da Cidade Online, um dos mais aguerridos veículos de suporte ao presidente: “A eleição de Bolsonaro não tem relação apenas com o fato de a população brasileira ter se descoberto de direita e conservadora. Tem a ver também com o resgate de valores que estavam adormecidos na população, como patriotismo e valores morais/éticos e o fortalecimento da família”.

E conclui, resumindo o sentimento eufórico dos apoiadores do presidente no dia seguinte a uma de suas mais importantes vitórias políticas: “O bolsonarismo avança. A velha mídia, que afirmava que a onda Bolsonaro limitou-se a 2018, ainda não entendeu nada”.

Por Folhapress \ NOTÍCIAS AO MINUTO

FOTO: © Getty Images \ Política apoiadores