Ainda é cedo para previsões na Fórmula 1 em 2022, mas concluída a terceira etapa do ano com o GP da Austrália, no último domingo, já é um fato que a Ferrari e Charles Leclerc são os protagonistas deste começo de campeonato. O monegasco venceu duas das três corridas até aqui, incluindo a última em Melbourne. E segundo o chefe da escuderia, Mattia Binotto, está vivendo seu auge na categoria.

– O Charles de hoje é o melhor que vimos até agora, provando ter um grande talento, o que sempre demonstrou. Ele continua crescendo. Vejo maturidade na concentração durante o fim de semana, na interação com os engenheiros, no desenvolvimento do carro e na gestão dos pneus. Charles teve uma adaptação muito boa aos carros de 2022, mesmo sabendo que o grande desafio será manter esse desempenho nas próximas 20 corridas. Ele está ciente disso e dará tudo de si – disse.

O monegasco de 24 anos é um dos personagens centrais de uma das F1 mais jovens da história e, neste ano, capitaliza o ótimo momento da Ferrari para se destacar frente a rivais da mesma geração como Max Verstappen, da RBR, e George Russell, da Mercedes.

Em quatro temporadas, tendo estreado na categoria em 2018 pela Sauber (hoje Alfa Romeo), Leclerc soma quatro vitórias – duas delas na atual temporada, no Bahrein e na Austrália.

Pela primeira vez na carreira, ele lidera o campeonato de pilotos com folga, anotando 71 pontos contra 37 do vice-líder Russell, com 34 de vantagem.

O momento também é de celebração para a Ferrari, em seu melhor início de campeonato desde 2018, quando entrou na briga pelo título contra a Mercedes liderada por Sebastian Vettel: desde aquela época, a equipe não liderava o campeonato de construtores, feito que voltou a repetir em 2022.

– Abordamos cada corrida como se fosse a primeira, porque temos que fazer tudo perfeito este ano. Estamos conseguindo, e é uma grande satisfação. Ainda lideramos o campeonato de construtores, o que não estava em nossos pensamentos no início. O crédito vai para o grupo. Trabalhamos juntos elevamos o nível e o fruto do trabalho é nítido – continuou Binotto.

Agradou a chefia

O triunfo de Leclerc no Bahrein marcou o retorno da Ferrari ao caminho das vitórias. E a boa fase não passou em branco pelo CEO da marca italiana, John Elkann.

– Há dois anos declaramos que teríamos que trabalhar muito para voltar a ser competitivos. Depois de duas temporadas difíceis, o campeonato começou de forma emocionante em 2022 e, como todos os nossos fãs ao redor do mundo, estou feliz por voltar a competir no mais alto nível. Sabemos que a temporada está só começando e que na Fórmula 1 estamos sempre cercados por competidores ferozes. Temos que trabalhar incansavelmente em equipe para otimizar todos os aspectos de nosso desempenho – celebrou.

Pé no chão

O passado recente da Ferrari enaltece ainda mais o atual momento do time. Na metade de 2018, a escuderia perdeu fôlego na disputa pelo título, abrindo caminho para o pentacampeonato de Lewis Hamilton; de lá pra cá, passou a atuar como coadjuvante na F1.

O ano de 2020 foi o mais difícil da equipe, que obteve seu pior resultado em 40 anos: um sexto lugar no campeonato de construtores. A chegada de Carlos Sainz no ano seguinte trouxe novos ares, mas apesar dos cinco pódios e o retorno ao posto de terceira força da F1, as vitórias tiveram que esperar.

Hoje, a Ferrari é quem apresenta o melhor conjunto de carro e motor, enquanto a rival Mercedes lida com problemas no chassi, e a RBR encara a falta de confiabilidade de sua unidade de potência. Ainda assim, o tom adotado pela escuderia é de humildade, apesar da satisfação.

– Em Melbourne, as condições da pista eram difíceis e o ajuste do carro não era garantido. Saímos bem da Austrália, mas não significa que seja esse o cenário definitivo do nosso carro comparado aos outros. Estou ansioso pelas próximas corridas até que nossos rivais possam ser fortes novamente. Não há razão para que eles não voltem a ser, então continuaremos a nos esforçar e e trabalhar. As próximas etapas serão uma batalha – cravou Binotto.

O monegasco reforçou o discurso do chefe:

– Só passamos da terceira corrida, então é difícil projetar o campeonato, mas para ser honesto, temos um carro muito forte e muito confiável também. Espero que continue assim e, se continuar, provavelmente teremos chances de brigar pelo título, o que me deixa feliz após dois últimos anos difíceis para a equipe e pra mim.

A próxima etapa da F1 será no país da Ferrari, na Itália: o GP da Emilia-Romagna. Sediada no Autódromo de Imola, a prova está marcada para 24 de abril.

POR: Redação com Globo Esporte
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