O presidente da Federação Alagoana de Futebol (FAF), Felipe Feijó, revelou, na noite dessa quarta-feira, 10, que a Copa Alagoas também está sob investigação depois de suspeitas de fraudes em algumas partidas. A informação foi confirmada ao TNH1 pela assessoria da FAF. A Operação Penalidade Máxima, que investiga esquemas de manipulação de resultados em jogos da Série A e B, além de torneios estaduais, ganhou notoriedade nacional nas últimas semanas após o futebol brasileiro ser exposto mundo afora, com jogadores de algumas da principais equipes do país sendo afastados enquanto acontecem as investigações.

“Recebemos os alertas de alguns jogos na Copa Alagoas e fizemos o devido encaminhamento aos órgãos competentes, isso ainda em fevereiro, mais precisamente no dia 9. O Tribunal de Justiça Desportiva de Alagoas, Ministério Público e GAECO estão todos cientes. Toda e qualquer denúncia precisa ser apurada e, havendo a confirmação, precisa haver a punição”, disse Felipe Feijó.

“Sempre buscando manter a integridade do jogo, fomos uma das primeiras federações a fechar contrato com a Sportradar, visando monitorar a questão das possíveis manipulações de resultados aqui em Alagoas. Há cinco anos temos essa parceria. A Sportradar é uma empresa internacional e de referência no assunto. Neste ano, ampliamos o contrato com eles justamente visando um maior acompanhamento”, continuou.

Feijó destacou ainda que em janeiro deste ano, a Federação realizou a primeira edição do seminário Jogando Limpo, com o objetivo de reforçar a importância da legalidade presente no esporte. “Nossa preocupação é constante. Temos um grupo de trabalho com o MP, PM e PC, e assim vamos trocando ideias e informações a cada novo encontro. Em janeiro, fizemos a primeira edição do seminário Jogando Limpo, que trouxe especialistas, autoridades e envolveu todos que fazem parte do futebol. O trabalho é sempre voltado para manter o esporte limpo e longe de qualquer pessoa que queira tirar vantagem de maneira ilegal”.

“Estamos tratando tudo com responsabilidade, mas sem fazer pré-julgamentos. Nossas campanhas contra a manipulação de resultados vai continuar durante todo o ano, assim como a campanha de combate ao racismo”, completou.

A Operação Penalidade Máxima está sob o comando do Ministério Público de Goiás. Em Alagoas, a Federação Alagoana de Futebol denunciou as supeitas ao Tribunal de Justiça Desportiva de Alagoas (TJD/AL) há cerca de um mês, no dia 09/02, segundo a assessoria da FAF. A federação ainda confirmou com exclusividade que já foi feita uma reunião com o Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (GAECO) e a Polícia Civil, e agora está no aguardo dos desdobramentos. O TNH1 entrou em contato com o GAECO para esclarecer a situação sobre a reunião e aguarda a nota do Ministério Público de Alagoas.

Ainda não foi esclarecido quais jogos e quais situações levaram a federação a levantar suspeitas. “O que a gente tem são alguns alertas de jogos na Copa Alagoas e esses jogos a gente fez os devidos encaminhamentos. Os desdobramentos da investigação ficam com a polícia. Teve uma anormalidade e a federação encaminhou as informações para que sejam apuradas e investigadas”, disse o presidente da federação ao ge local.

Copa Alagoas – O torneio envolve a participação de 14 equipes alagoanas, que disputam a primeira e segunda divisão do Campeonato Alagoano. Além da taça, o campeão garante uma vaga na Série D do Campeonato Brasileiro – caso o vencedor já não esteja classificado – e também tem a chance de disputar a Copa do Brasil do ano seguinte, onde disputará a vaga com o terceiro colocado do campeonato estadual.

Dentro das quatro linhas, o CSE foi o campeão após bater a equipe do ASA nos pênaltis, no dia 29 de março de 2023.

Caso se confirme o caso de manipulação de resultado em alguma partida e seja comprovada com uma prova cabal, o jogo deverá ser anulado, conforme explicou o advogado Andrei Kampff, no Fim de Papo, do UOL. “Se houver prova cabal de interferência de resultado neste Campeonato Brasileiro, aí não é a CBF que vai dizer que o campeonato vai parar, é a Justiça Desportiva que vai ter que parar o campeonato e mandar jogar de novo as partidas em que tem prova cabal – prova em que não há contestação de que o jogo foi manipulado -, porque daí é proteger a integridade do futebol. No momento que a gente permite que um jogo manipulado não seja anulado, a gente está permitindo que se ataque a integridade do futebol e que não se respeite mais a essência do futebol como ele deve ser”, disse o advogado.

Até o momento, não foi divulgado se o destino da Copa Alagoas será redefinido.

Os casos de manipulação no Brasileirão 2022 e nos campeonatos estaduais deste ano serão julgados pelo Supremo Tribunal de Justiça Desportiva (STJD). Com o decorrer das investigações e da deliberação dos magistrados, as punições esportvias e criminais devem acontecer nos próximos meses.

*Estagiário sob supervisão.

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FOTO: Augusto Oliveira/CSA