A Federação Alagoana de Futebol (FAF) comunicou, na manhã desta quarta-feira, 9, que acatou o pedido do Ministério Público do Estado de Alagoas (MPAL), de banimento temporário – de seis meses – de integrantes da torcida organizada Mancha Azul, do CSA, dos estádios de futebol. A Federação confirmou que vai repassar a documentação para a Confederação Brasileira de Futebol (CBF), para que todas as entidades do país fiquem cientes da proibição e apliquem a medida, já que ela é válida para todos os estádios em território nacional.

O despacho do MPAL foi publicado na noite dessa terça-feira, 8, após a sequência de ataques violentos ocorridos em Alagoas por causa de torcida de futebol. Um dos casos que ganhou repercussão recentemente foi o do torcedor Simey Araújo, do CRB, espancado no último dia 2, no bairro de Ponta da Terra, em Maceió. O presidente da Mancha Azul, Douglas César da Silva Santos, conhecido como “Bebezão”, e um diretor, Thiago Lyra Alves dos Santos, o “Bocão”, foram presos por participação no crime.

Em entrevista ao programa Balanço Geral Alagoas, da TV Pajuçara, o diretor de competições da FAF, Luciano Sampaio, afirmou que a entidade ficou com a responsabilidade de comunicar a decisão à CBF. Com isso, a torcida organizada vai ter a presença proibida nos jogos do Azulão contra o Botafogo/PB e Remo, no Rei Pelé, assim como no confronto da última rodada da primeira fase, com o Amazonas, em Manaus.

“A Federação foi comunicada sobre a decisão do Ministério Público no dia de ontem, o presidente está licenciado, mas o presidente em exercício recepcionou a determinação e a FAF vai acatar. Ela ficou sob a responsabilidade de repassar também a documentação à CBF, para que seja distribuída com todas as outras federações. Durante o prazo inicial estipulado, a torcida referida fica proibida de frequentar os estádios de futebol não só em Alagoas, mas em todo território nacional”.

“A partir do momento em que a determinação é comunicada aos demais entes federativos, federações.. Então é distribuído ao policiamento local, Civil e Militar, junto com os clubes mandantes, e é elaborado um plano de ação que é aplicado a cada jogo de futebol que ocorre […] Então em cada jogo que o CSA esteja presente, vai constar a proibição da torcida organizada”, continuou o dirigente.

O que o Ministério Público pediu? O Ministério Público decidiu aplicar medida educativa e pediu a suspensão da torcida organizada Mancha Azul, do CSA, pelo período de seis meses, o que consiste no banimento temporário dos integrantes em todos os estádios no país, como também nos entornos das casas de futebol para que fiquem, no máximo, a um raio de cinco mil metros dos estádios. A medida entra em vigor a partir desta quarta-feira, 9.

O órgão estadual também pediu o cumprimento da efetiva proibição de ingresso com qualquer objeto hábil a identificar a torcida organizada, como camisas, uniformes e vestimentas em geral, inclusive bonés, bandeiras, faixas, instrumentos musicais e outros que possam identificar o nome da torcida Mancha Azul. O órgão estadual também vai notificar a Polícia Militar de Alagoas para que ela tome todas as providências na fiscalização e cumprimento das medidas.

O vice-presidente da Mancha Azul, que assumiu o cargo maior da agremiação após a prisão do presidente, pode apresentar resposta ao MPAL, se assim pretender, no prazo de 10 dias. O TNH1 deixa o espaço aberto para manifestação da Mancha Azul.

Organizadas na mira das autoridades – A série de ataques e os múltiplos casos de violência causados por integrantes de torcidas organizadas de clubes alagoanos podem ter um ponto final nas próximas semanas. O delegado-geral da Polícia Civil, Gustavo Xavier, divulgou que a ideia é conseguir o banimento dessas entidades muito em breve. A questão veio à tona durante uma coletiva de imprensa para apresentação dos dados da Segurança Pública, na manhã desta terça-feira (08), que contou com a presença do governador Paulo Dantas e autoridades da cúpula de segurança do estado.

Torcedor do CRB está internado – Recentemente, um torcedor do CRB, identificado como Symei Araújo, de 24 anos, foi vítima de espancamento e ao menos 12 pessoas estão por trás do crime. Dois dos suspeitos já presos são o presidente e o diretor de uma organizada do rival, CSA. De acordo com os delegados que atuam no caso, os suspeitos de espancarem o jovem estavam com porretes de madeira com pregos fixados. A vítima continua internada no HGE e perdeu massa encefálica.

Torcedor do CSA foi morto – Outro caso amplamente divulgado foi a morte do torcedor do CSA, Pedro Lúcio dos Santos, que foi espancado nos arredores do Rei Pelé e não resistiu aos ferimentos dias depois. O filho dele, inclusive, é atleta da base do Galo.

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FOTO: Arquivo/Francisco Cedrim/Ascom CSA