O senador Renan Calheiros (MDB) elogiou a instalação da CPI da Braskem e apoiou as indicações dos nomes dos senadores que vão comandar a Comissão Parlamentar de Inquérito.

Apesar de instalada e com o comando definido, a CPI só vai iniciar os trabalhos em fevereiro de 2024, quando deverá ser escolhido o nome do relator.

“Como autor da CPI, estou satisfeito com as indicações do senador Omar Aziz para presidente e do senador Jorge Kajuru para vice-presidente da Comissão”, afirmou Calheiros.

“As aclamações que acabamos de ver dos nomes do senador Omar Aziz e Jorge Kajuru para presidente e vice-presidente desta Comissão é a certeza que nós teremos uma investigação séria, aja o que houver, doa a quem doer”, acrescentou o senador alagoano.
Na sessão de instalação da Comissão, que terá 11 senadores titulares e sete suplentes, Renan fez questão de destacar sua trajetória política para mostrar o seu empenho em apurar os crimes da Braskem.

“Quero dizer que esse é um dos momentos mais importantes da minha vida política aqui no Senado, como senador de quatro mandatos seguidos”, destacou Calheiros.

Para ele, que está passa assumir a relatoria da Comissão, o mais importante é que a CPI foi instalada.

“Eu não vou postular nada. Na vida, como na política, melhor coisa, a coisa mais fácil é contentar o contente. Então como autor, como alguém que numa tarde pegou 45 assinaturas para criar essa CPI, eu estou contente”.

“Eu estou contente como membro, mas eu não posso, em respeito à Constituição Federal, aceitar que limitem o meu mandato, que limitem o mandato do Rodrigo, como não posso aceitar que limitem o mandato de nenhum senador”, afirmou o senador.

“Situação do estado de Alagoas é absolutamente lamentável”

Para Renan, a situação de Alagoas é absolutamente lamentável. “Mais de 200 mil pessoas de uma forma ou de outra foram afetados pelo crime ambiental da Braskem, que é o maior crime ambiental urbano em curso do mundo. Nós nunca tivemos, na história do Brasil, algo parecido como isso que está acontecendo em Alagoas”.

Segundo o senador, o problema do afundamento do solo, que afetou mais de 14 mil imóveis em cinco bairros de Maceió, continua. “A mina 18 colapsou, na semana passada. Isso significa dizer que o subsolo se encontra em movimento”, alertou o senador. “Bairros que ainda não foram afetados ainda – e 20% de Maceió já foram afetados –, podem ser afetados ou já estão sendo afetados”.

O senador concluiu a sua intervenção na sessão de criação da CPI dizendo que ele mais do que ninguém tem procurado responsabilizar a mineradora pelos crimes praticados.

“Nós entramos com pedidos e explicações e ações, contra a Braskem, no Tribunal de Contas de Alagoas, CNJ, CNNP, na Justiça Estadual, no Supremo Tribunal Federal, no Tribunal de Contas da União, na CVM e nessa CPI. Essa CPI não é caminho único. Ela não é caminho único, mas se Deus quiser ela vai cumprir o seu papel”, concluiu o senador.

HISTÓRICO DA SALGEMA

“O que aconteceu com Alagoas, para a situação chegar a esse ponto?” questionou o senador, para em seguida responder:
“Depois da desestatização da Salgema – empresa, originária de Alagoas, comandada pela Petrobrás –, a exploração de sal-gema foi impulsionada, no Estado. Quando a Odebrecht assumiu o comando da Braskem, coincidiu com o aumento extraordinário dos preços das rezinas no mercado internacional. Aí apareceu o capitalismo selvagem na sua pior versão. Era para cavar 10 minas, em Alagoas, preferencialmente na zona não povoada. O que faz a Braskem, administrada pela Odebrecht, ela cava 35 minas”, relatou o senador.

“A legislação estabelecia uma distância entre uma mina e outra. Essa distância não foi respeitada. As pilastras (entre as minas) ruíram. Nós tivemos com isso cavernas e mais cavernas. Para se ter uma ideia, tem caverna maior que o estádio do Maracanã”, concluiu.

Por Ricardo Rodrigues – colaborador / Tribuna Independente

Foto: Jefferson Rudy / Agência Senado