Nesta terça-feira (29) é comemorado o Dia Nacional da Visibilidade Trans e travestis e transexuais irão mais uma vez repensar esses casos de violência e preconceito e como ter acesso aos direitos garantidos pela Constituição.

Segundo dados fornecidos pela Rede Nacional de Pessoas Trans do Brasil (REDETRANS), em 2018 aproximadamente 150 travestis e transsexuais foram mortos brutalmente em todo o Brasil.

Em 2017, o País contabilizou cerca de 179 casos, mantendo o primeiro lugar nas estatísticas, sendo o que mais mata travestis e transexuais homens e mulheres. Em Alagoas, em 2018, três casos foram registrados, sendo dois deles em Maceió.

História

A data foi escolhida porque no dia 29 janeiro de 2004, travestis e transexuais falaram sobre sua realidade no Congresso Nacional e apresentaram a campanha “Travesti e Respeito”, idealizada e construída no Departamento de DST, Aids e Hepatites do Ministério da Saúde. Em reconhecimento a esse marco foi criado o Dia Nacional da Visibilidade Trans.

Uma pessoa se define como transsexual quando percebe a sua identidade de gênero diferente do seu corpo. O que se vê no espelho que não bate com o que está na mente. A transsexualidade, antes de tudo, é um conflito interno. É quando se percebe que não se é aquilo que pensava ser.

De acordo com o coordenador da Diversidade Sexual da Secretaria Municipal de Assistência Social (Semas), Roberto Junior, nesse período pouco se caminhou para a inclusão de travestis e transexuais na sociedade. “São pessoas que ainda possuem grande dificuldade de acesso à educação, à saúde e ao emprego, além de sofrerem com a violência e o desrespeito diariamente.

“O Dia da Visibilidade Trans é um momento de reflexão para  as pessoas trans com o objetivo de cobrar por políticas públicas para eles e elas, e de cobrança por respeito por parte da sociedade”, completou.

Vivências

Para a presidente da Associação Cultural das Travestis e Transexuais de Alagoas (Actrans), Natasha Wonderfull, a data serve para se pensar em propostas que irão mudar a vida de transexuais e travestis. “O acesso à educação, à saúde, e ao trabalho para a pessoa trans ainda é muito difícil”, disse.

Natasha trabalha como técnica de enfermagem no Consultório na Rua na Secretaria Municipal de Saúde (SMS). “Tenho meu trabalho, mas sei que muitos transexuais e travestis sofrem preconceito para conseguir um emprego por causa da sua sexualidade. A gente vê muitos  se prostituindo para se sustentar. Por isso, incentivo todos eles que procurem estudar para que tenham uma vida melhor e saiam das ruas. Mas temos continuar batalhando por condições melhores”, ressaltou.

Um dos avanços é o uso do nome social. “Poder usar o nome social é respeitar a pessoa trans e travesti, mas infelizmente não acaba o preconceito porque as pessoas nos julgam pela aparência. Não olham a nossa personalidade e sim a aparência. O respeito de ambos os lados é um grande começo para que haja mudanças”, destacou Natasha, que conseguiu alterar seu nome no registro civil.