Em reunião na residência do presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM-RJ), o ministro da Casa Civil, Onyx Lorenzoni, teria oferecido um extra de R$ 40 milhões em emendas parlamentares até 2022 a cada deputado federal que votar a favor da reforma da Previdência no plenário da Câmara.

A informação consta na edição desta quarta-feira (24) do jornal Folha de S. Paulo.

De acordo com a Folha, a informação foi confirmada por líderes de cinco partidos, além de deputados do DEM, PP, PSD, PR, PRB e Solidariedade. O valor representa um acréscimo de 65% nos R$ 15 milhões em emendas parlamentares a que cada deputado tem direito por ano para obras e investimentos de infraestrutura em seus redutos eleitorais. Com os R$ 10 milhões extras por ano, esse valor pularia para R$ 25 milhões.

Uma das principais promessas de campanha do presidente Jair Bolsonaro (PSL) foi colocar um fim no chamado “toma lá, dá cá”, que é a antiga prática de governos obterem apoio no Congresso em troca de cargos federais, verbas do Orçamento ou outras benesses da máquina pública.

A reportagem da Tribuna Independente repercutiu o assunto com parlamentares alagoanos.

Líder da bancada de Alagoas, Marx Beltrão (PSD) disse não acreditar que esse fato tenha acontecido e destacou ainda que a prática de solicitar recursos junto aos ministérios é natural, mas que trocar liberação de emendas por voto não é aceitável.

“Não vi essa matéria. Já tive algumas vezes com o Onix [Lorenzoni] e ele nunca tocou nesse assunto. Como o parlamentar só tem direito a R$ 15 milhões por ano, se ele ficar trabalhando só nisso, ele não faz nada. Então o parlamentar que consegue R$ 50 milhões por ano ou mais é mérito do seu trabalho e claro da sua articulação. Agora trocar liberação de recursos por voto, aí a gente não pode aceitar. Mas de toda forma vou perguntar ao líder do meu partido se houve esse diálogo”, diz Marx Beltrão.

Arthur Lira fala em guerra na CCJ

 

Considerado um exímio articulador dentro da Câmara, Arthur Lira confirmou a existência da reunião na residência de Rodrigo Maia, mas ressaltou que os parlamentares presentes não pediram nada e que foram convidados para esse encontro.

“Então, isso não tem influência no que está sendo votado ou não, nem na guerra que vai ser travada na votação da Previdência. Aí nessa questão do ‘toma lá, dá cá’, tem que perguntar ao governo que falou em ‘toma lá dá cá’ e agora está oferecendo. Nós não estamos atrás de nada não”, comenta Arthur Lira.

O deputado do Progressistas explicou ainda que a dificuldade que tem de se administrar os países, estados e municípios é que os governantes quando se elegem não se contam com a maioria no Legislativo.

“Ele [Bolsonaro] precisa construir base, mas como o governo atual disse que sempre foi um ‘toma lá, dá cá’ a vida política, ele está fazendo diferente e nós respeitamos. Essa história de troca de votos por emendas é notícia velha. A Folha soltou hoje [quarta, 24] mas isso já roda desde a semana passada”, diz Arthur Lira.

JHC (PSB), disse entender a importância da pauta, especialmente para o governo, porém não considera que essa seja a melhor forma de fazer a gestão da área política, já que “vulgariza” o relacionamento entre os Poderes e repete o comportamento fortemente condenado pelo atual governo.

À Tribuna, em recente entrevista sobre a votação da reforma da Previdência, o deputado Nivaldo Albuquerque (PTB) já havia dito que não negociava seu voto em hipótese alguma.

Questionado sobre essa reunião que teria ocorrido na casa de Rodrigo Maia, o parlamentar do PTB disse que não participou e que por isso não poderia se posicionar a respeito, mas disse que “esse termo “toma lá, dá cá” é impróprio para os homens sérios que fazem política ou são políticos detentores de mandato”.  “Acho que um parlamentar digno não pode vender o voto”, afirma Nivaldo Albuquerque.

Fonte: Tribuna Independente