O teste de apercepção temática permite analisar a personalidade afastando as inibições que outros métodos de avaliação mais objetivos geram. Nesse artigo, falaremos sobre as principais chaves para a sua interpretação e administração.

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O estudo da personalidade é um dos âmbitos mais fascinantes e complexos dentro da psicologia. Nele, foram construídos diversos instrumentos de avaliação inspirados em diferentes correntes. Entre eles, o teste de apercepção temática (TAT) conta com algumas vantagens muito interessantes.

Este teste explora em profundidade a personalidade e as atitudes do sujeito em várias áreas da vida. Além disso, faz isso de uma forma subjetiva e baseada em projeções. Ou seja, a pessoa não tem consciência do que está sendo avaliado e, portanto, suas barreiras defensivas perdem força.

Os testes projetivos

O teste de apercepção temática faz parte do grupo das chamadas técnicas projetivas. Estas são utilizadas para analisar a personalidade de um indivíduo a partir das suas projeções inconscientes.

Para fazer isso, o terapeuta apresenta à pessoa um material pouco estruturado e pede que ela realize uma tarefa criativa a partir dele (um desenho, uma narração, uma associação…)

Neste caso específico, estamos nos referindo a um teste projetivo temático. Nessa modalidade, são apresentadas ao sujeito diversas lâminas com desenhos ambíguos, e ele deve descrever o que vê em cada uma.

O teste de Rorschach é um dos maiores representantes desse tipo de técnica e, sem dúvida, também é um dos mais conhecidos.

A principal vantagem desse tipo de teste está no fato de que a pessoa não tem consciência do que está sendo avaliado em cada momento. Por isso, é mais fácil evitar as barreiras e reticências que podem surgir diante da aplicação de outros tipos de instrumentos mais claros.

Assim, a pessoa pode mostrar sua a sua personalidade e os seus conflitos inconscientes de uma maneira livre e desinibida.
O teste de apercepção temática (TAT)

Esse instrumento de avaliação conta com 31 lâminas com imagens em preto e branco que representam diferentes situações da vida. Algumas delas são comuns, enquanto outras estão especificamente indicadas em função do sexo e da idade da pessoa avaliada.

São apresentadas apenas 20 lâminas a cada indivíduo, divididas em duas sessões. Após observar cada imagem, a pessoa deve narrar uma história que contenha passado, presente e futuro, enfatizando o que cada personagem está sentindo e pensando.

Por meio desse exercício podemos fazer uma análise formal em função da coerência, da linguagem e do estilo interpretativo que a pessoa utiliza. No entanto, sobretudo, podemos fazer uma análise do conteúdo, que nos proporcionará mais informações sobre a personalidade e os conflitos latentes.
Chaves para a interpretação

Cada lâmina foi criada para explorar diferentes áreas relevantes, mas existem algumas chaves básicas que devem ser levadas em conta. Em cada imagem é preciso identificar a figura do “herói”, que será aquele personagem com quem o sujeito se identifica. As ações e emoções designadas ao herói durante a narração vão indicar as necessidades profundas do avaliado.

Por outro lado, as ações e emoções do restante dos personagens serão uma projeção de como a pessoa percebe o seu ambiente. O que ela deseja e o que teme que aconteça, bem como os impulsos inconscientes que tem e se nega a reconhecer.

Alguns dos temas examinados nas lâminas são os seguintes:

Metas e aspirações pessoais, dificuldades e esperanças.
Agressão, castigo, culpa e conteúdos depressivos.
Identidade, inclinação sexual e relacionamentos amorosos.
Atitude em relação às figuras materna e paterna e o relacionamento com as mesmas.
Relação com a autoridade, rivalidades e passividade.
Imagem que a pessoa tem de si mesma, sentimentos de solidão e abandono e reflexões sobre o futuro.

Psicóloga aplicando teste

Utilidade do teste de apercepção temática

Este instrumento proporciona uma grande quantidade de informação sobre a personalidade do indivíduo. Através das suas narrações, podemos elucidar a imagem que ele tem de si mesmo, como são as relações com o seu entorno, e a existência de conflitos latentes.

Apesar de tudo isso, a interpretação deste teste está ligada à subjetividade. Portanto, embora seja um excelente complemento, não deve ser utilizado de forma isolada. Os dados obtidos sempre devem ser contrastados ou complementados com os de outros instrumentos.

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