O Sindicato dos Empregados do Comércio de Alagoas (Secea) prepara mobilização para esta sexta-feira (10), a fim de dialogar com os trabalhadores e a sociedade sobre os reajustes da categoria. A entidade critica a Medida Provisória 905 que precariza a situação do trabalhador comerciário. A Federação do Comércio de Alagoas (Fecomércio), por sua vez, afirma que as negociações têm continuidade.

De acordo com informações da direção do Sindicato dos Empregados do Comércio de Alagoas, a MP 905 sancionada em outubro de 2019, que cria a Carteira Verde-Amarela e amplia os horários e jornada de trabalho no Brasil, é um dos elementos prejudiciais a luta de classe e aos direitos dos trabalhadores, sobretudo os comerciários.

De acordo com o dirigente sindical da Central Única dos Trabalhadores em Alagoas (CUT-AL), Izac Jackson, as negociações sofreram um grande retrocesso depois da MP 905 do governo Bolsonaro.

“As negociações coletivas que estavam caminhando de forma gradual, depois da MP [Medida Provisória], retrocederam por completo. A medida atinge em cheio os comerciários, pois permite a abertura dos estabelecimentos comerciais nos 365 dias do ano sem o pagamento de hora-extra, sem o pagamento do dia em dobro. Ela permite que o comerciante que abre no feriado, conceda folga durante a semana para o funcionário, que termina se prejudicando, pois depende das vendas e da comissão para compor seu salário”.

MOBILIZAÇÃO

Segundo Izac, o sindicato irá iniciar a sua agenda de mobilizações junto aos trabalhadores e a sociedade. “Não ficaremos de braços cruzados diante desta situação. Após a MP, os patrões retrocederam e não querem mais negociar. Suspenderam a mesa de negociação e ofereceram a reposição da inflação no período, ou seja, um reajuste de 2,55% e R$ 1,00 de reajuste no ticket alimentação dos comerciários. É um absurdo. Hoje, o comerciário de Alagoas tem o menor salário da categoria no Nordeste, R$ 1.035,00 em média, e o menor ticket alimentação do Brasil no valor de R$ 50,00 mensal, que dá pouco mais de 2,00 por dia”, enfatiza o dirigente sindical.

EM NEGOCIAÇÃO

À reportagem da Tribuna Independente, a Fecomércio garantiu que os contatos para negociação prosseguem. “A Federação está negociando uma proposta com o sindicato. Neste momento não podemos comentar sobre a proposta porque somente divulgamos a informação quando fechamos o acordo, para não confundir as partes”.

Ainda de acordo com a Fecomércio, em 2019 foram realizadas duas reuniões com os representantes dos trabalhadores para encontrar entendimento entre as partes.

Para Izac Jackson, somente com a mobilização dos trabalhadores é possível que os representantes patronais voltem a tratar sobre os reajustes salariais

Fonte: Tribuna Independente / Jairo Silva