falta de máscaras cirúrgicas no mercado tem agitado a produção de máscaras de tecido. Elas podem ser lavadas e reutilizadas e ainda tem ajudado a complementar a renda durante a pandemia.

Katiúcia Albuquerque e a mãe, Luciene Albuquerque começaram a produzir de maneira despretensiosa, apenas para proteção delas e de familiares. Elas não esperavam que vizinhos e amigos gostassem da ideia e começassem a pedir.

Katiúcia conta que, depois das primeiras máscaras produzidas, foi através do boca a boca que começaram a receber cada vez mais pedidos. Segundo ela, já foram mais de 500 produzidas e vendidas até agora.

“Minha mãe é costureira há anos. A ideia surgiu a partir do momento em que começou a pandemia, pois fomos nas farmácias comprar as máscaras descartáveis e não encontramos em farmácia nenhuma, aí ela teve a ideia de fazer para nós aqui de casa, aí foi quando uma vizinha viu e pediu uma também e começou aquela propaganda de boca a boca, aí foi quando decidi postar nas redes sociais e deu certo graças a Deus”, comenta.

Luciene Albuquerque (foto) e a filha já produziram mais de 500 máscaras (Foto: Arquivo pessoal)

A iniciativa tem sido uma das fontes de renda da família, já que Katiúcia está desempregada e a quantidade de clientes que a mãe tinha caiu.

“Não imaginávamos, na verdade postei de brincadeira. Achando que não ia ter procura e hoje estamos com bastante encomenda. Até porque no momento estou desempregada e o fluxo de clientes dela deu uma diminuída. As máscaras tem sido uma das fontes de renda da casa sim. Tem ajudado bastante”, detalha Katiúcia.

Juliana Felismino é funcionária pública e artesã. Ela explica que as máscaras, apesar de não evitarem o contágio, é uma boa opção de prevenção.

“Trabalho com artesanato já há um bom tempo, fiz umas máscaras para doações e começaram a surgir encomendas, então resolvi fazer. Não esperava que fosse ter tanta procura, porque a gente sabe que a máscara de tecido não tem filtro, precisa ser trocada, ter lavagem, mas como o Ministério da Saúde liberou para que ela seja usada como mais uma forma de se prevenir… Mas realmente não imaginei que teria tanta venda”, diz.

Juliana fala que a demanda tem sido tanta que ela não tem dado conta de produzir. “Não consigo fazer mais porque tenho problema de coluna e não consigo muito, mas a procura tem sido muito grande, já fiz mais de 200. Junto com as máscaras mando um panfleto explicando. O pessoal tem pedido muito kits com seis máscaras. A gente sabe que a máscara é só uma barreira física, ela não protege, mas ajuda, tem que ser higienizada.

Nilberto Ribeiro e Diego Leonardo também produzem máscaras de tecido. Nilberto é técnico de enfermagem e conta que teve a ideia de produzir. Juntos, já produziram mais de cem máscaras de tecido.

“A ideia surgiu de estarmos ociosos em casa, ter máquina e tecido. E como as descartáveis estão acabando, não se encontra mais, as pessoas estão procurando cada vez mais. A gente não esperava essa procura toda, eu trabalho em hospital e imaginava que seria a procura lá, mas estamos tendo de fora, de amigos, familiares e outras pessoas também”, afirma.
Infectologista diz que o objeto serve como barreira física para população

O infectologista José Maria Constant afirma que apesar de não evitar o contágio, as máscaras servem como uma barreira física e podem ser usadas pela população. A ressalva é apenas para profissionais que atuam na linha de frente do combate à doença que devem utilizar a N 95, Equipamento de Proteção Individual (EPI) específico.

“Não são máscaras para equipes de saúde em atendimento, mas na falta de outra máscara é eficiente. Não saberia informar como funciona a parte técnica da confecção das máscaras. Mas o que sabemos é que para os profissionais de saúde em atendimento têm que ser a N 95, mas para a população em geral, na falta de outras no mercado, a máscara de pano atende. É uma proteção, é melhor do que andar totalmente desprotegido”, diz.

No início do mês o Ministério da Saúde distribuiu nota informativa sobre a confecção de máscaras de tecido. Segundo o órgão ministerial, esse tipo de máscara é eficiente e pode ser aliado no combate a propagação do coronavírus.

“Para ser eficiente como uma barreira física, a máscara caseira precisa seguir algumas especificações, que são simples. É preciso que a máscara tenha pelo menos duas camadas de pano, ou seja dupla face. E mais uma informação importante: ela é individual. Não pode ser dividida com ninguém. As máscaras caseiras podem ser feitas em tecido de algodão, tricoline, TNT ou outros tecidos, desde que desenhadas e higienizadas corretamente. O importante é que a máscara seja feita nas medidas corretas cobrindo totalmente a boca e nariz e que estejam bem ajustadas ao rosto, sem deixar espaços nas laterais”, disse o Ministério da Saúde.

Equipamento não deve ser compartilhado

O Ministério da Saúde (MS) explica como a máscara dever ser confeccionada e utilizada. O órgão destaca que o equipamento de proteção das vias aéreas superiores é individual e não deve ser compartilhado com ninguém.

“Em primeiro lugar, é preciso dizer que a máscara é individual. Não pode ser dividida com ninguém, nem com mãe, filho, irmão, marido, esposa etc. Então se a sua família é grande, saiba que cada um tem que ter a sua máscara, ou máscaras. A máscara pode ser usada até ficar úmida. Depois desse tempo, é preciso trocar. Então, o ideal é que cada pessoa tenha pelo menos duas máscaras de pano. Mas atenção: a máscara serve de barreira física ao vírus. Por isso, é preciso que ela tenha pelo menos duas camadas de pano, ou seja, dupla face. Também é importante ter elásticos ou tiras para amarrar acima das orelhas e abaixo da nuca. Desse jeito, o pano estará sempre protegendo a boca e o nariz e não restarão espaços no rosto. Use a máscara sempre que precisar sair de casa. Saia sempre com pelo menos uma reserva e leve uma sacola para guardar a máscara suja, quando precisar trocar. Chegando em casa, lave as máscaras usadas com água sanitária. Deixe de molho por cerca de 30 minutos. Para cumprir essa missão de proteção contra o coronavírus, serve qualquer pedaço de tecido, vale desmanchar aquela camisa velha, calça antiga, cueca, cortina, o que for”, explica o órgão.

Fonte: Tribuna Independente / Evellyn Pimentel

(Foto: Arquivo pessoal)