No mundo, mais de 5 milhões de pessoas são acometidas por doenças inflamatórias intestinais (DII), segundo a Federação Brasileira de Gastroenterologia (FBG). No Brasil, a cada 100 mil habitantes, 10 a 27 sofrem com as enfermidades. Entre elas, está a doença de Crohn. Caracterizada por uma inflamação no sistema gastrointestinal, ela afeta, principalmente, a parte inferior do intestino delgado (íleo) e intestino grosso (cólon). A enfermidade pode ser desencadeada pela desregulação do sistema imunológico e/ou alterações genéticas.

“Pessoas com história de uso frequente de antibióticos, de alimentação irregular composta por alimentos industrializados e com fatores genéticos favoráveis são as mais propensas a desenvolver a doença”, explica a gastroenterologista do Hospital Brasília Zuleica Barrio Bortoli.

De acordo com a médica, a inflamação pode afetar todas as camadas da parede do tubo digestivo: da boca ao ânus. É capaz de provocar úlceras, perfurações e estreitamento, principalmente das alças intestinais, causando dores abdominais, diarreia, sangramento e obstruções.

Tâmara Kate Gonçalves, 35 anos, convive com a doença há 10 anos. Após inúmeros episódios de diarreia e perda de peso, a servidora pública realizou exames e descobriu ser portadora da doença de Crohn.

Tâmara relata ter descoberto ainda no início, mas teve que usar a bolsa de ostomia por 3 anos, um dos períodos mais difíceis para a jovem. “Recentemente iniciei um tratamento medicamentoso. Mas, sem dúvidas, quando a doença está ativa é muito complicado realizar qualquer atividade. Já saio de casa pensando se terá banheiro próximo. Além disso, recentemente dei uma pausa no pilates, que eu adoro fazer, por conta da anemia e perda de peso causadas pela doença”, relata.

“Se não tratada e controlada [a doença] pode levar a um desfecho bastante dramático com cirurgias extensas, perda de grande parte do intestino, desnutrição e até a morte. No entanto, se acompanhada por profissional experiente, medicamentos e suporte nutricional adequado, a doença pode ser totalmente controlada”, alerta a médica.

Segundo a FBG, a doença é mais comum em pessoas entre 15 anos e 40 anos, porém todas as faixas etárias estão submetidas, inclusive idosos. A entidade ainda afirma que a doença não é contagiosa e as causas ainda são difíceis de determinar.

Atualmente, Tâmara consegue viver com a doença, mas não é fácil se livrar de estigmas. “Muitas vezes as pessoas não entendem. Acham que o problema é só uma questão de ir mais vezes ao banheiro. Mas, a doença tem outras complicações extra intestinais, como fadiga, anemia, irritabilidade. Mesmo assim, eu tento ao máximo levar uma vida normal”, conta.

Sobre a prevenção, Barrio recomenda hábitos de vida saudáveis, como ter boa alimentação, evitar o tabagismo, controlar o consumo de bebidas alcoólicas e ter cuidado com o uso indiscriminado de antibióticos.

Ostomização e colostomia

A médica explica que os pacientes com Doença de Crohn, eventualmente, podem passar por um processo de ostomização e necessitam usar uma bolsa de colostomia ou ileostomia. “Esse processo pode ser temporário ou definitivo, a depender da história da doença e do tipo de cirurgia realizada. Nesses casos, as fezes são depositadas na bolsa coletora que é esvaziada e limpa de tempos em tempos”, indica.

No último dia 16 de novembro foi comemorado o dia Nacional dos Ostomizados. A data abrange outros tipos de doenças e cânceres que levam as pessoas a utilizar o processo de ostomização, que inclui colostomia, ileostomia e urostomia.

Por Notícias ao Minuto Brasil

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