Com o fim das eleições e a definição dos novos gestores municipais, vale o exercício da reflexão em torno dos grandes desafios que os aguardam. Se a ONU já lançou uma agenda contendo os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável, a serem alcançados até 2030, poucas são as unidades municipais brasileiras que conhecem e estão no ritmo do cumprimento de tais metas.

As próprias entidades municipalistas vêm procurando difundir a ideia de se “pensar globalmente e agir localmente”. Por esta linha de raciocínio, alguns temas já se apresentam e vão desafiar os futuros prefeitos, em razão dos problemas gerados pela pandemia e que estão presentes, como o agravamento da crise econômica, o desemprego e o empobrecimento da população.

Com a euforia da campanha eleitoral ficando para trás, há quem apresente uma receita real de gestão responsável: agir com transparência e austeridade, priorizar o que for essencial, elaborar projetos competentes para captação de recursos, estimular o emprego e ter criatividade para construir alternativas, com base na realidade local.

Em linhas gerais, os novos administradores vão encontrar um sistema público de saúde impactado pela demanda reprimida, com enormes filas para consultas e exames; vão se deparar também com a educação municipal mais deteriorada, em razão da perda de conteúdo pela suspensão das aulas presenciais; e vão ter que estimular a dinâmica econômica nas cidades, avariada pela quarentena.

Se o quadro é desafiador para quem vai assumir o comando das unidades municipais pelo País afora, aqui em Maceió é dramático. Em novembro passado, o IBGE identificou 17,2% de pessoas na extrema pobreza em Alagoas, com grande parte na capital. O índice alagoano era o triplo do Brasil – e olha que antes da pandemia.

Apesar da existência do Fundo de Erradicação da Pobreza, o FECOEP, não se tem notícia de uma rede efetiva de proteção social do Estado e do município, com vista a mitigar o sofrimento dessa legião de desamparados. E ainda há o grave desastre produzido pela extração de sal em plena área urbana Maceió, cujas consequências afligem milhares de famílias, com extensa área da cidade em situação de calamidade pública reconhecida pelo governo federal.

O novo gestor da prefeitura de Maceió, para transpor os gigantescos desafios que se avizinham, vai precisar acertar a mão na equipe, contar com a confiança da sociedade, mobilizar politicamente a bancada federal e construir pontes com o governo da União. Tudo para tentar recuperar o tempo perdido pelo marasmo dos últimos anos.

Por Editorial | Portal Gazetaweb.com

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