Dias após as fortes chuvas que atingiram o litoral norte paulista, as buscas por 49 pessoas desaparecidas continuam, e já há 46 mortes confirmadas até a noite de terça-feira (21/2). Famílias se despedem das vítimas que foram encontradas e, com a liberação de parte das estradas, turistas que têm condições retornam para as suas casas. No entanto, ainda não há previsão do tempo e dos valores necessários para a recuperação dos estragos estruturais (em prédios e rodovias, por exemplo).

Os corpos de dois homens, duas mulheres e três crianças foram identificados e liberados para sepultamento, segundo o Governo de São Paulo. A Prefeitura de São Sebastião, cidade onde a tragédia foi maior, divulgou a lista com o nome das 12 primeiras vítimas e organizou um velório coletivo para amigos e familiares se despedirem. Outras 9 vítimas das enchentes e desmoronamentos foram identificadas por familiares. Entre as vítimas confirmadas, estão os primos que foram arrastados pela lama: Dandara Vida, de 10 anos, e Eduardo Leonel Chrestan, de 11 anos. As crianças eram vizinhas em Santo André, no ABC paulista, e viviam como irmãos. “Nasceram juntos, estudaram juntos e, infelizmente, morreram juntos”, diz Julia Alyssa Vicente, 18, prima das crianças.

Resgate e desabrigados – Para tentar localizar sobreviventes, equipes municipais, estaduais e federais realizam ações de resgate e salvamento desde a madrugada de domingo (19/2). Ao todo, a força-tarefa envolve mais de 600 homens e mulheres. A prefeitura paulistana enviou equipes com cães farejadores e drones da Guarda Civil Metropolitana (GCM) para ajudar na busca por desaparecidos.

São 1.730 pessoas desalojadas e 766 desabrigadas no litoral paulista. As cidades mais afeitadas foram São Sebastião, onde ocorreram a maioria das mortes; Ubatuba, que registrou a morte de uma menina de 9 anos; além de Caraguatatuba, Ilha Bela, Bertioga e Guarujá. Todas decretaram estado de calamidade pública.

A Defesa Civil de São Paulo fez um novo alerta para temporal no litoral norte paulista. Até sexta-feira (24/2), ainda há previsão de chuvas intensas e contínuas, com descargas elétricas, fortes rajadas de vento e granizo. O volume de chuva esperado para a região é de 200 milímetros. O temporal que atingiu a área no fim de semana teve valor recorde, alcançando 682 milímetros.

Enquanto segue em atenção especial e ações emergenciais de resgates e buscas por desaparecidos, o governo do estado também já volta atenção para os estragos estruturais dos temporais devastadores. Ainda não há estimativa do tempo nem dos valores necessários para recuperar a infraestrutura da região. Em relação às rodovias, a Rio-Santos (SP-055) teve o tráfego liberado parcialmente pelo Departamento de Estradas de Rodagem (DER) em diversos pontos que estavam totalmente obstruídos, entre São Sebastião e Ubatuba.

Já a Mogi-Bertioga (SP-98) segue interditada por cauda do rompimento de tubulação, na altura do km 82, em Biritiba Mirim, na Região Metropolitana de São Paulo. Há ainda interdição parcial nos km 90 e 91, devido à queda de barreiras, e no km 87, por causa de erosão. A reconstrução da rodovia Mogi-Bertioga (SP-098) deve levar seis meses para ser concluída, de acordo com Natália Resende, secretária estadual de Meio Ambiente, Infraestrutura e Logística. Já a desinterdição parcial pode ocorrer em dois meses.

O orçamento do governo federal para a prevenção e a recuperação de desastres para este ano, porém, é apenas R$ 1,2 bilhão – o menor dos últimos 14 anos, segundo levantamento feito pela Associação Contas Abertas, ao qual o Metrópoles teve acesso.

Por: Metrópoles /TNH-1
Foto:Agência Brasil – EBC