A Ufal [Universidade Federal de Alagoas] inicia, nesta segunda-feira (18), mais uma expedição científica pelo Rio São Francisco. O trabalho vai até o dia 27 de novembro e tem como finalidade coletar dados que vão ser analisados em pesquisas de diferentes áreas.

A expedição é composta por 60 pessoas, entre pesquisadores da universidade e outros profissionais de instituições nacionais e internacionais, e é coordenada pelo professor Emerson Soares, do Centro de Ciências Agrárias (Ceca).

“A gente pretende fazer um levantamento geral e análises específicas de poluentes, metais pesados, assoreamento, desmatamento, a parte de levantamento de drone, mapeamento, batimetria, qualidade de água…”, adianta Soares, que também é integrante do Grupo Ecologia Aquática e Aquicultura, coordenador do Laboratório de Aquicultura e Análise de Água, e vice-coordenador do Comitê Científico de Bacias Hidrográficas do Nordeste.

Ele explica que são 28 áreas de pesquisa, com pesquisadores nacionais e internacionais, inclusive da Austrália, com 11 instituições participantes, desde a Universidade do Porto, Portugal ao Instituto Espanhol de Oceanografia.

Também há representantes do Ministério da Ciência e Tecnologia [Mctic], Companhia de Desenvolvimento dos Vales do São Francisco [Codevasf], Universidade Federal de Sergipe e Emater.

O professor conta que a expedição já vem sendo organizada há cinco meses e relata detalhes da navegação. “É um desafio. Nós teremos uma embarcação de grande porte, com largura de aproximadamente seis metros, com quatro pavimentos e 25 metros de comprimento, sendo a maior embarcação do Baixo São Francisco. Vamos dormir, fazer refeições, trabalhar e montar laboratório, tudo no barco”, diz ao informar que há também o apoio de uma equipe de terra e de embarcações auxiliares.

“Teremos duas lanchas de apoio, de motores de 40 hp, o que nos dá uma grande força para o deslocamento das equipes em campo, e duas embarcações de menor porte para pescadores que vão nos apoiar. Além disso, teremos a equipe de terra com veículos, que vão transportar drones e Vants, que são aqueles aviões não tripuláveis, para fazer a parte de batimetria, sensoriamento remoto e fotogrametria da área. E aí, vamos somar esses esforços ainda com o Barco Robótica, que é o Barco Iracema, que tem equipamentos que fazem a varredura do fundo do rio”, relata.

PRIMEIRA EXPEDIÇÃO DUROU SEIS DIAS

Essa será a segunda expedição científica pelas águas do Rio São Francisco, liderada pela Ufal. A primeira foi em outubro do ano passado, com cerca de 30 pesquisadores navegando durante seis dias.

Ele informa que os trabalhos realizados resultaram em “um diagnóstico inicial face ao São Francisco, mas são dados de forma não contínua, pois precisava fazer um diagnóstico para ver a situação do rio”. Ele ressalta que “o rio vem enfrentando dois anos de seca, com diminuição da vazão, e os problemas se agravaram em torno da intrusão salina, que é o efeito da salinidade do mar em relação ao continente e ao Rio São Francisco, e problemas de saúde também. O rio virou uma questão de saúde pública. A gente precisava coletar dados mais conclusivos”.

Na nova expedição, o grupo pretende trabalhar de 8h às 22h, com reuniões diárias, visitando dez municípios do lado de Sergipe e de Alagoas e coletando em torno de 600 amostras na água.

“Imagine que nós vamos coletar ictiofauna, que é a parte de peixes, carcinofauna, água, esgoto. Vamos ter exposição de fotografia científica, fazer trabalhos de educação ambiental com as comunidades, plantio de árvores nativas”, detalha o coordenador.

Por Thiago Gomes com assessoria Ufal